A Realeza e a Lagoa de Obidos....
13-11-2014 09:23
Visitas e presentes reais.
D. Joao VI, tambem visitava a lagoa, nao para caçar, porque nao gostava, mas para apreciar as suas belas paisagens. Existia uma determinaçao antiga segundo a qual os pescadores do Arelho e da Foz eram obrigados a vender em Obidos ou nas Caldas todo o peixe que pescavam. D. Joao VI, por provisao de 5 de Abril de 1805, anulou esta obrigaçao, podendo assim os pescadores vende-lo livremente onde quisessem. Consta que o Infante D. Pedro, filho de D. Joao V, foi salvo por moradores do Vau de morrer afogado na " aberta " da Lagoa, o que o levou a conseguir que fosse construida a Igreja que existe no Vau e que este povoado ficasse com a categoria de Paroquia, num gesto de gratidao ao Rei. A poucos kilometros a sudoeste do Bom Sucesso, existiu ( hoje em ruina completa) o Mosteiro de Vale Benfeito, que substituiu o Convento da N. Sra. da Berlenga, construido em 1513 por ordem da Rainha Maria, segunda mulher de D. Manuel I, para albergar alguns Monges Jeronimos com o fim de prestarem assistencia a mareantes ou naufragos que necessitassem de socorro material ou espiritual. Porem, os piratas mouros, franceses e ingleses, por varias vezes, os atacaram e maltrataram, razao porque os monges, nao se sentindo em segurança, pediram a Rainha D. Catarina, que lhes mandasse construir um convento no continente, perto do mar, para continuarem a sua missao humanitaria. Entre as doaçoes que a Rainha D. Leonor fez ao Hospital, consta " a dizima velha da alagoa " e o casal da Barrosa, sito no termo de Obidos. Na mesma obra sao referidas noticias dos varios presentes enviados pelo Provedor do Hospital, Jeronimo Aires, a Rainha D. Leonor. Por serem muito extensos nao os descrevo, limitando-me a citar as especies constantes desses presentes e que sao: Azevias, ameijoas, besugos, choupas, douradas, lagostas, linguados, ostras, robalos, ruivos, tainhas e ainda patos.
Caldeirada a Jose Mestre.
« Jose Mestre e o heroi das caldeiradas da Foz.... O D. Carlos, ha anos atras, na sua estadia nas Caldas, ia varias vezes a Foz do Arelho e ali, metendo-se na agua,- com umas botas enormes ate as virilhas, matava as Tainhas.... a tiro. Aquilo nao era uma pesca ,era uma caçada! Os pescadores pescavam a rede, mas as vezes o peixe, pelo instinto da conservaçao, saltava por cima delas para se escapar. O D. Carlos, porem, em posiçao apropriada e de espingarda a cara, fazia-o cair a tiro da sua Greener, sendo quase sempre infalivel. Em seguida, o Jose Mestre, o actual solitario da praia da Foz do Arelho, e que ao presente vive muito miseralvelmente na sua barraca da Lagoa, as vezes sem comer e sem ter luz.... tomava conta do peixe e procedia a caldeirada, que o monarca saboreava conjuntamente com a Blondel e outros intimos (...) Posto na mesa... era comer e chorar por mais! Jose Mestre, o habil cozinheiro das Caldeiradas, esta a morrer de fome e era bem lembrado por aqueles que tantas vezes lhe saboreavam os petiscos e que tanto o elogiavam!...
Aqui fica o requerimento ( que ele bem o merece... )
«Nem fato, as vezes tem ! Um casaco, umas calças, uns sapatos velhos ( ou mesmo novos ) ,uma camisa, tudo agradecia, reconhecido, e ensinaria mais receitas»
F. Martins