Blogue

  • 26-02-2015 11:02

    O Solar da Paz..

    O Solar da Paz! Conhecido pela nova geraçao como lugar de diversao, e copofonia, nem imaginam a historia que faz deste lugar um dos mais emblematicos da Foz do Arelho. Bem remontando a dec. de 50, aqui fica a historia. O Solar da Paz foi criado por um numeroso numero de Caldenses, (...). Cuja primeira sede era um barracao de arrecadacoes, sobremaneira utilizado para fazer patuscadas. No principio, tinha, tinha uns fogareiros de barro, quatro ou cinco, bastante utilizados para assar sardinhas e as vezes umas caldeiradas de peixe da Lagoa de Obidos confecionadas pelos proprios pescadores. (...). As caldeiradas que se comiam naquela casa nao tiveram nunca quem as fizesse esquecer. A caldeirada e um prato que vale pelo peixe que leva. (...). E a mais desejada participaçao era comer la um almoço, no quadro idilico da lagoa, estendendo-se aos nossos olhos como imagem de espelho em presepio de meninos. as caldeiradas da Foz tinham o esplendor do peixe da lagoa. a sua frescura e o paladar indefenido da sua variedade davam-lhe uma qualidade que merecia a mais elevada nota em paladares de requinte. Durante anos havia ai um grande culto pelo fado e quem quer que dedilhasse uma guitarra, tocasse uma viola e garganteasse o fado tinha audiencia certa e atenta no Solar da Paz. Enquanto o Solar da Paz foi historia so dos homens, ouviam-se uns aos outros, com a companhia certa do tinto. Quando os fados eram mais compridos, a sede era maior e o consumo, as vezes, excedia a carga legal pelo balao. actualmente espaço de diversao nocturna as "caldeiradas" sao confecionadas de outra maneira, se me faço entender, e o tinto, ai o tinto, esse permanece no espirito daqueles que gostam de uma bela noitada....

    F. Martins

  • 27-11-2014 10:47

    Mais tarde, Pescadores e Mariscadores.

    Como resultado de uma acentuada e crescente crise agricola, a lagoa vem assumindo para as populaçoes locais um papel cada vez maior. A actividade piscatoria representa actualmente uma importante fonte de rendimento para a populaçao local. Muitas familias do Vau, Foz do Arelho e Nadadouro reforçao nos ultimos anos a sua dependencia economica em relaçao a lagoa, subtituindo as actividades agricolas tradicionais pela pesca e marisqueio. Contudo, nem sempre a utilizaçao deste recurso e feita de forma racional. A actividade de pesca na lagoa de obidos contitui hoje, em geral, uma actividade exclusiva. Nalguns casos pode ser um complemento ou uma alternativa a agricultura. De acordo com imformaçoes recolhidas junto do responsavel pelo Posto Maritimo da Foz do Arelho, existem atribuidas cerca de 200 cartas de mariscador na Lagoa de Obidos. Regularmente, 130 mariscadores licenciados retiram da lagoa o seu sustento diario. A actividade de marisqueio direcionada para a captura de moluscos bivalves nao se limita as licenças de mariscador emitidas, sendo o numero de individuos nao inscritos que procede a captura de bivalves de varias centenas, muitos deles ao fim de semana e feriados. Na minha opiniao (vale o k vale) considero pescadores e mariscadores profissionais os individuos legalmente inscritos para exercerem a actividade, e desde que a maioria dos rendimentos seja proveniente da lagoa ( 50% ou mais do seu rendimento pessoal). Muitos deles tem o curso de arrais de pesca, frequentado em Peniche. Existem outros grupos que dependem directa ou indirectamente da lagoa: Comerciantes locais, outros pescadores nao profissionais, ou outros agentes economicos.

    Condiçoes obrigatorias que os pescadores ,mariscadores tem de reunir para exercer a actividade:

    Os mariscadores tem de estar devidamente licenciados. Os amadores e turistas so podem apanhar se for para consumo proprio e sem artes profissionais. A apanha ludica nao exige licenciamento. Maiores de 16 anos que a seu pedido tenham sido inscritos nas repartiçoes maritimas como apanhadores ou como operarios nos diferentes trabalhos de exploraçao e cultura de moluscos. Necessitam de possuir:

    * Cedula maritima- identifica-os como pescadores e a sua respectiva categoria;

    * Cartao de mariscador- emitido pela Capitania do Porto de Peniche- Posto maritimo da Foz do Arelho

    * Licença de pesca- autirizaçao para pescar, emitida pela DGPA- direcçao geral das pescas e agricultura

    * Carta de arraias de pesca- autorizaçao para tripularem e praticarem a actividade com embarcaçao

    * Cartao de associado da APMALO (se forem socios).

    F. Martins

  • 18-11-2014 09:44

    Relaçoes Sociais.

    Os pescadores-mariscadores da lagoa de obidos.

    Homens simples, gente que depende do mar e vive da lagoa. Hoje em dia existem muitos pescadores que se dedicam mais a apanha de marisco. E o marisco que da dinheiro. Sao homens conformados, enraizados, humildes. Nao ambicionam a muito. Aspiram apenas a ter uma vida melhor, pacata e tranquilamente, vivendo o seu dia-a-dia o melhor possivel, como o comum dos cidadaos. Trabalham tranquilamente, sem pressas. Cumprimentam-se uns aos outros, sao afaveis e amam a lagoa como ninguem. Conhecem-na bem e gostam que ela esteja bem. Tratam a lagoa como se de um ser sobrenatural se tratasse. Falam da "nossa lagoa" com um forte sentimento de pertença, carinhosamente e com ternura. Nos seus olhos as expressoes, sao gente educada. Surpreendemente ,nao falam com rancor ou desdem «dos de fora», como seria suposto e admissivel. Sao serenos e calmos, so querem andar tranquilos pela lagoa, pescando aqui e acola. Existem grupos como noutras profissoes. Sao desconfiados uns dos outros. Sao ordeiros e acatam as decisoes, pois foram decadas e decadas de ilegalidades e na clandistinidade profissional. Os mais velhos tem um ascendente sobre os mais novos, desde que seja credivel. A experiencia acaba de ditar as suas leis. Eles refilam, mas acabam por concordar nos aspectos principais e decisivos. O facto desta actividade ter uma forte componente terrestre, a paisagem ser tranquila e calma, sao aspectos que influem na personalidade das pessoas. Aqui nao existem ondas, nem grandes rochedos. A paisagem e aberta, rasteira ,plana e serena. A actividade nao faz barulho, as ondas nao batem com força. Os motores nao trabalham em permanencia e as coisas nao sao arrancadas com dureza. A lagoa e tranquila, tudo e muito mais estatico e sereno.

    Caractrizaçao economica, profissional e social;

    *O mariscador e oriundo de uma classe de homens que se acha em rapida evoluçao, preso nas redes da forçada passagem a um moderno estatuto tecnologico; * Iniciaram a profissao muito cedo (idade inferior a 16 anos). Nao existia uma idade minima para começar a trabalhar, era logo que pudessem faze-lo. * Tem consciencia e aceitam que exercem uma actividade inconstante, depende das condiçoes da lagoa; * Fazem a colecta dos "frutos da lagoa". Orgulham-se de colectar um bem raro e por isso dao importancia a qualidade e preservaçao da especie; * Paradoxalmente, recusam a adopçao de medidas de racionalizaçao da exploraçao dos recursos marinhos; *Exercem esta dificil actividade, nao deixando de ter ocupaçoes paralelas, nomeadamente a agricultura para consumo familiar e algum negocio, sobretudo em altura de maior escassez. A exemplo disso, que a data de hoje Terça Nov 18 2014, as enguias estao na altura do defeso, sendo interdita a sua captura ate Janeiro 2015. * Os mariscadores dao importancia a formaçao profissinal, a frequencia de cursos de actualizaçao em tecnicas de pesca, ou acçoes similares, como um factor importante na defesa dos seus proprios interesses; * Consideram a profissao de mariscador economicamente insegura, existem casos de familias completas a mariscar; pai, mae e filho. *Conhecem a lagoa como ninguem, atribuem nomes a todos os locais que conhecem, falam do espelho de agua, como se de uma superficie terrestre se tratasse. * Os mais velhos exaltam o passado em detritimento do presente. * Sao laboriosos, humildes, pacificos e solidarios. * Sao pouco religiosos ( raramente assistem a actos de cariz religioso). * Os jovens iniciados e seniors sao filhos de homens do mar que ja exerceram a profissao, constituem uma geraçao mais avançada em termos de habitos de lazer e ocupaçao de tempos livres, um tanto opostos ao modus vivendi do seu grupo de origem, que praticamente nao frequenta o cafe. * os mais novos confraternizam com os mais velhos, de quem esperam receber o reconhecimento de um estatuto social em conformidade com a actividade profissional que desempenham.

    F. Martins

  • 17-11-2014 09:57

    Os momentos festivos vs Religiao

    Os momentos festivos do quatidiano das gentes que vivem perto da lagoa, a exemplo de outras aldeias vizinhas e vilas portuguesas, fazem-se em convivio quase permanente com familiares e vizinhos, numa rotina que e trangredida por ocasiao do nascimento, casamento ou festas ciclicas que acontecem ao ritmo das estaçoes do ano. As festas sao, por exelencia, acontecimentos significativos na vida dos pescadores. Sao momentos decisivos, intensamente vividos numa permanente transgressao, preparados e desejados por novos e velhos, homens e mulheres, cabendo a cada um o seu contributo para o sucesso destas manifestaçoes da imaginaçao e vontade popular. Penso que devido a nao perigosidade desta actividade piscatoria, ao contrario do que acontece na pesca maritima no oceano, aqui nao encontro a firmeza da sua crença nem uma convicçao em Santos. A religiao nao e um factor muito importante.

    Festa de Nª Sra. do Bom Sucesso. (Vau, 1º Domingo depois do 15 de Agosto)

    Na quinta do Bom Sucesso existiu uma pequena ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso, fundada em 1585 para cumprimento de uma promessa feita pelo Capitao Aires de Sa e Melo, a Virgem do Bom Sucesso, por quando do regresso de Moçambique, numa nau de guerra, ter naufragado numas rochas em Peniche, salvando-se com toda a tripulaçao. «No ano seguinte de 1586, veio o referido cavaleiro ao sitio do Bom Sucesso, com sua bandeira, onde festejaram a Virgem Nossa Senhora com grande pompa(....) por tempo de oito dias.(....). Desde entao sempre ali tem concorrido um Cirio vindo de Peniche na dita oitava do Divino Espirito Santo com mais ou menos pompa»

    Anos depois, concorreu tambem ao dito lugar, o povo do Nadadouro com um Cirio anual, tanta era a devoçao que o dito tinha pela Virgem do Bom Sucesso, pelos milagres e beneficios que receberam. Vinham de bateira, as centenas. Em 1858, o povo do Nadadouro construiu na sua localidade a capela sob a invocaçao de Nossa Senhora do Bom Sucesso, fazendo a sua festividade anual, tendo acabado o antigo Cirio. Vendo os moradores do Vau que tinha acabado aquele Cirio, resolveram concorrer nesse mesmo ano com o seu Cirio, composto de bandeira e Anjo, acompanhado de musica e a cavalo, em devota numa romaria num percurso efectuado entre o Vau e a Ermida da Virgem do Bom Sucesso e vice-versa. Antigamente era feita por malta nova que vinha da tropa. O Anjo canta as loas, que contem referencias a lagoa, na partida e chegada de cada um dos locais. Antigamente davam tres voltas a Ermida do Bom Sucesso, agora o percurso e feito maioritariamente de automovel ou a pe. Antigamente vinha gentes de muitos lados a esta festa religiosa.

    As Loas....

    Erguei-vos povo do Vau

    Oh como e belo este dia

    Volta a Senhora em triunfo

    Para a nossa freguesia.

    Viva o Povo do Vau....

    In Memorias Historicas de Obidos (2001)

    F. Martins

  • 14-11-2014 09:35

    Crustaceos ( Caranguejo-Verde) carcinus maenas

    Caranguejo-Verde.

    O caranguejo-Verde e uma especie omnivora, que se alimenta de anelideos, moluscos, crustacios, pequenos peixes, algas e plantas superiores. Na sua fase bentonica, sobretudo durante a muda da carapaça, e predado por diversas especies de peixes e aves, constituindo um importante elo nas cadeias troficas da laguna. Este crustaceo e capturado na lagoa desde tempos remotos. No passado foi utilizado quase exclusivamente como fertilizante para os campos ribeirinhos. «O caranguejo estraga muito as redes e chega a comer o peixe que esta nas nassas ou galrichos ou redes que deixamos». Disse um pescador. Com o surgimento dos fertilizantes quimicos, a captura do caranguejo declinou. O reinicio desta actividade, no inicio da decada de 80, foi motivado pelo interesse de intermediarios da industria alimentar Espanhola, estando a pesca condicionada pela procura dos importadores. A produçao destina-se quase exclusivamente para consumo humano, sendo a maior parte exportada para Espanha e apenas uma pequena quantidade consumida localmente como " Petisco". O caranguejo e utilizado para a confecçao do conhecido Paté.

    Caranguejo-de-dois-carros.

    Sendo "igual" ao seu irmao, este destaca-se, por ter a carapaça mole, permitindo aos pescadores de linha (Mar), utiliza-lo como isco. Bastante apreciado por especies, como o Robalo, a Dourada entre muitos outros, qualquer pescador experiente, conhece este " isco", normalmente associado á captura de peixes de grandes dimensoes. Ex. de 3 a 6 kg.

    F. Martins

     

  • 13-11-2014 09:23

    A Realeza e a Lagoa de Obidos....

    Visitas e presentes reais.

    D. Joao VI, tambem visitava a lagoa, nao para caçar, porque nao gostava, mas para apreciar as suas belas paisagens. Existia uma determinaçao antiga segundo a qual os pescadores do Arelho e da Foz eram obrigados a vender em Obidos ou nas Caldas todo o peixe que pescavam. D. Joao VI, por provisao de 5 de Abril de 1805, anulou esta obrigaçao, podendo assim os pescadores vende-lo livremente onde quisessem. Consta que o Infante D. Pedro, filho de D. Joao V, foi salvo por moradores do Vau de morrer afogado na " aberta " da Lagoa, o que o levou a conseguir que fosse construida a Igreja que existe no Vau e que este povoado ficasse com a categoria de Paroquia, num gesto de gratidao ao Rei. A poucos kilometros a sudoeste do Bom Sucesso, existiu ( hoje em ruina completa) o Mosteiro de Vale Benfeito, que substituiu o Convento da N. Sra. da Berlenga, construido em 1513 por ordem da Rainha Maria, segunda mulher de D. Manuel I, para albergar alguns Monges Jeronimos com o fim de prestarem assistencia a mareantes ou naufragos que necessitassem de socorro material ou espiritual. Porem, os piratas mouros, franceses e ingleses, por varias vezes, os atacaram e maltrataram, razao porque os monges, nao se sentindo em segurança, pediram a Rainha D. Catarina, que lhes mandasse construir um convento no continente, perto do mar, para continuarem a sua missao humanitaria. Entre as doaçoes que a Rainha D. Leonor fez ao Hospital, consta " a dizima velha da alagoa " e o casal da Barrosa, sito no termo de Obidos. Na mesma obra sao referidas noticias dos varios presentes enviados pelo Provedor do Hospital, Jeronimo Aires, a Rainha D. Leonor. Por serem muito extensos nao os descrevo, limitando-me a citar as especies constantes desses presentes e que sao: Azevias, ameijoas, besugos, choupas, douradas, lagostas, linguados, ostras, robalos, ruivos, tainhas e ainda patos.

    Caldeirada a Jose Mestre.

    « Jose Mestre e o heroi das caldeiradas da Foz.... O D. Carlos, ha anos atras, na sua estadia nas Caldas, ia varias vezes a Foz do Arelho e ali, metendo-se na agua,- com umas botas enormes ate as virilhas, matava as Tainhas.... a tiro. Aquilo nao era uma pesca ,era uma caçada! Os pescadores pescavam a rede, mas as vezes o peixe, pelo instinto da conservaçao, saltava por cima delas para se escapar. O D. Carlos, porem, em posiçao apropriada e de espingarda a cara, fazia-o cair a tiro da sua Greener, sendo quase sempre infalivel. Em seguida, o Jose Mestre, o actual solitario da praia da Foz do Arelho, e que ao presente vive muito miseralvelmente na sua barraca da Lagoa, as vezes sem comer e sem ter luz.... tomava conta do peixe e procedia a caldeirada, que o monarca saboreava conjuntamente com a Blondel e outros intimos (...) Posto na mesa... era comer e chorar por mais! Jose Mestre, o habil cozinheiro das Caldeiradas, esta a morrer de fome e era bem lembrado por aqueles que tantas vezes lhe saboreavam os petiscos e que tanto o elogiavam!...

    Aqui fica o requerimento ( que ele bem o merece... )

    «Nem fato, as vezes tem ! Um casaco, umas calças, uns sapatos velhos ( ou mesmo novos ) ,uma camisa, tudo agradecia, reconhecido, e ensinaria mais receitas»

    F. Martins

  • 12-11-2014 09:08

    ..... Tocar á Vara....

    Chamava-se tocar a vara. Era comum na Lagoa realizarem-se corridas de bateira a vara. Segundo o depoimento do pescador Carlos Ivo, esta actividade ludica era uma pratica antiga na Lagoa. Tinha como organizador a FNAT- Fundaçao Nacional para a alegria no Trabalho. «As corridas decorriam em Abril e Maio de cada ano e depois passaram para Setembro. Tinhamos de treinar muito antes do dia da corrida. Era um convivio e uma parodia. Percorriamos 1000 metros em 13 ou 14 minutos. Dava tudo por tudo, aguentava meia hora naquele passo. No principio era so para um lado, depois passou a ser ida e volta, em resposta a alguns mariscadores que diziam que so ida era facil porque era a favor da corrente».

    Carlos Ivo descreve-nos esta practica como dificil: « Eu tinha pouca força no arranque mas depois tinha maquina para me aguentar. Era preciso ter muita força. Andavamos em zonas de lodo, que era o meu terreno preferido. Havia nortada e corrente que ate fazia tremer. Antes de haver motores, de vara nas unhas, esta era a nossa vida diaria. Havia uma grande rivalidade entre os Fozeiros (Oriundos da Foz do Arelho) e os Vaueiros ( Oriundos do Vau)».

    Carlos tinha 53 anos de idade quando ganhou a primeira vez: «Ganhei confiança e nunca mais parei. Disputavam-se corridas entre 9 a 12 concorrentes, mas em 1962, estava eu na tropa, fiz uma corrida com 17 colegas. Um ano houve uma em que fomos so tres. Ganhei meia duzia de anos seguidos. O meu irmao Jose Ivo tambem era bom praticante», disse o pescador Carlos Ivo, com um brilho nos olhos. « Como promessa, ofereci uma vez uma libra em ouro que ganhei a Associaçao da Foz do Arelho» disse. «Outros bons eram o Joao Boto,  Jose Xarepa,  Antonio Ivo, Antonio Sola,  Fernando Doca, e o Antonio Luis. Tocavam bem, mas era na areia. Eu queria era apanha-los no lodo. Neste terreno nao enfrentavam nenhum Vaueiro. Começava em frente a lota, ate a coroa do Garajau», conclui o pescador.

    O pescador Valdemar (vai ja) do Vau tambem chegou a participar: « Em 2000 ainda ganhei uma medalha numa corrida organizada pela Junta da Foz do Arelho. Agora ja ha alguns anos que nao se organiza. Treinavamos na Poça do Vau, em barcos mais pequenos construidos por nos».

    A minha opiniao!

    Acho que se articularem, os organismos capazes de organizar uma "corrida a vara", pode ser que para o ano tenhamos, o prazer de assistir a um evento ancestral, mas que tristemente esta em vias de extinçao.

    F. Martins

  • 11-11-2014 11:42

    A Bateira da Lagoa de Obidos

    A bateira revela-se como o primeiro e mais importante instrumento de trabalho dos pescadores-mariscadores. O arrais e em geral o dono da embarcaçao. As bateiras sao embarcaçoes rasas e compridas, de popa fechada, com duas bancadas ou mais e cortadas a re para se colocar o motor fora de borda. Sao barcos pessoais. Estas embarcaçoes sao construidas em estaleiro sao de uma construçao em madeira, tosca mas resistente. Antigamente navegavam a vara ou a remos e, em vez de terminar em forma direita para a colocaçao do motor na parte anterior, continuavam em forma de caracol ( espiral). Na estrutura interna, e uma embarcaçao aberta com motor fora de borda. So podem utilizar um motor ate 9.9cv. Podem levar um segundo, mas nao colocados simultaniamente. So sera usado quando o primeiro avariar. Ate a pouco tempo, utilizavam os motores fora de borda Tomus 4, oriundos do leste europeu e que tinham apenas 5cv. Agora utilizam motores a 2 tempos. Cada vez que vao ao mar, os pescadores retiram o motor e voltam a coloca-lo na embarcaçao sempre que vem a lagoa. Existem bateiras, ao longo da lagoa, que estao semi-afundadas propositadamente para a madeira inchar. Parecem abandonadas mas nao e assim. A bateira e uma embarcaçao facil de manobrar. Os pescadores lançam a fateixa para ancorar os barcos nas zonas em que pescam de cima da embarcaçao. As bateiras sao pintadas de cores escuras, tendo obrigatoriamente inscrita a matricula e algumas sao revestidas de fibra de vidro ( o caso da do meu pai " Senhora da lagoa")*. As bateiras sao varadas, dentro de agua, junto aos abrigos. A Policia Maritima faz uma vistoria anual as bateiras. As vistorias sao solicitadas pelos pescadores no Posto Maritimo da Foz do Arelho.

    * Documentaçao da embarcaçao.

    * Livrete de actividade

    *Titulo de propriedade

    * Rol de tripulaçao

    *Certificado de lotaçao

    *Certeficado de arqueaçao (bruta e liquida)

    *Seguro de acidentes de trabalho

    * Certificado de vistoria ( anual)

    * Meios de salvaçao (obrigatorios)

    * Extintor ( para embarcaçoes a motor)

    * Caixa de primeiros socorros

    * Coletes de salvaçao para o numero total de pessoas da lotaçao da embarcaçao

    * Boia de salvaçao

    * Fachos de mao (2), sinal visual de socorro

    * Vertedouro (tambem conhecido por bartedouro)

    * Ferro de fundear com cabo

    Medidas:

    Boca - 7 metros, 1,80 m ( largura maxima)

    Pontal - 0,55 m (altura maxima)

    PE-1265 L (no caso da Senhora da Lagoa) que o meu pai e propreetario

    As letras tem de ter a altura minima de 10cm e devem ser colocadas em ambas as armuras, com a cor das letras «Preto em fundo branco» ou «Letras brancas em fundo preto»....

    F. Martins

     

  • 07-11-2014 11:55

    Galrichos ( A armadilha genial)

    Os pescadores sao gente habilidosa na construçao das artes de pesca. Abençoado quem lhes deu o condao!!

    O Galricho e constituido por 5 ou 6 arcos seguros com uma cana no arco da boca e uma cana no fundo do aparelho ( a rabeira) «um aparelho destes (galricho) demora entre 3 a 4 horas ate que esteja pronto a pescar».

    1.* Cortar a rede com um canivete muito bem afiado.

    2.* Cortar a malha muito certinha. « Cortamos sentados. Arranjei um banco com formato de um treno que me permite cortar a rede de forma adequada»

    « Antigamente faziam-se as redes a mao como se faz renda pelos pescadores e pelas suas mulheres»

    3.* «Depois fazemos as carreiras de malha para se fazer o funil, chamado arco da entrada. E a parte do funil que vai esreitando conforme o galricho avança da boca para o fundo»

    4.* Da-se um no de pescador para fazer o inicio, com duas laçadas trincadas, chama-se ir ao ficho da rede ( apanhar a parte mais fixa).

    5.* Colocar os arcos que vao permitir delinear 3 funis que se vao estreitando. Os arcos começaram por ser de madeira. Depois passaram a ser feitos de plastico. Agora sao de um arame sintetico plastificado.

    6.* Enforma-se a parte da boca e parte do corpo. Depois junta-se com um no de fazer rede ou no de escota. Chama-se narcinho ao funil do fundo.

    A um agrupamento de galrichos chama-se caçada, sendo cada caçada contituida por um numero minimo de 25. Sao dirigidos a enguia adulta. A sua utilizaçao e muito comum na metade mais interior da lagoa e nos dois braços, onde a natureza dos fundos e vasosa e abundam as oportunidades alimentares para esta especie. Esta actividade de montagem de cada armadilha fundeada em unidade isolada ou em caçadas e tradicional e acompanhada de sinalizaçao pelas proprias canas que servem para manter o galricho em posiçao. Assim as zonas mais baixas da lagoa apresentam multiplas fileiras de caniços, que se denominam campos de galrichos. Esta arte, apesar de ocupar extensas areas, nao tem criado problemas a conservaçao dos recursos vivos, pois permite a recuperaçao das formas juvenis que ali possam ficar eventualmente retidas.

    Alem das enguias, os galrichos tambem capturam outros seres marinhos, como e o caso dos caranguejos verdes ( ou de 2 carros) para a pesca a cana, bastante apreciados pelos robalos e douradas de grandes dimensoes pescadas no mar. Robalotes, Tainhas (muges), Douradinhas, Chocos, Cabozes e ate Polvos.

    A minha opiniao!

    Sendo filho de pescador, desde tenra idade, que produzir galrichos a partir do zero, me e comum.

    De salientar que esta arte esta em vias de extinçao, porque os mais jovens ( eu incluido) nao aprendem a fazer esta arte que e fazer galrichos.

    F. Martins

  • 05-11-2014 09:55

    Bivalves (Ameijoa, berbigão etc.)

    Principais especies capturadas na lagoa (Com interesse comercial)

    A lagoa de Obidos e um dos locais do pais mais ricos em bivalves, nomeadamente ameijoas e berbigao. Os bivalves sao seres exclusivamente bentonicos, isto e, vivem nos fundos, estando a maior variedade nos substratos contituidos por sedimentos ( areia, lodo, vasa). Entre os moluscos, os vivalves constituem um dos grupos mais faceis de identificar. Qualquer um de nos ja viu, no mercado ou no "prato", ameijoas ou berbigao, e certamente reparou que a caracteristica morfologica mais evidente desses animais e o facto de terem o corpo dentro de uma concha constituida por duas partes. Cada uma dessas partes denomona-se valva, dai o nome de vivalves. Os bivalves sao animais dotados de grande capacidade filtradora. Um so organismo pode filtrar diariamente dezenas de litros de agua. E sabido que entre os bivalves ocorrem taxas de crecimento diferentes entre areas situadas a curta distancia e mesmo dentro de um mesmo banco, de ano para ano. E um fenonemo mais tipico de animais sedentarios do que moveis, e dos factores que o influenciam, salientam-se a temperatura, a quantidade de alimento disponivel, o tipo de substrato, a salinidade, e a densidade da populaçao, o hidrodinamismo e a profundidade. A maioria dos bivalves conseguem resistir largos periodos de tempo vivos ( cerca de uma semana) fora de agua, ja que podem captar oxigenio, desde que mantenham as branquias humidas. Tambem podem resistir a curtos periodos de condiçoes adversas ( variaçoes de salinidade, falta de oxigenio, presença de substancias toxicas) fechando as valvas.

    Bivalvia

    * Os bivalves sao moluscos aquaticos com simetria bilateral, constituidos por duas valvas que se ligam dorsalmente por um forte ligamento elastico de proteinas

    * As valvas abrem e fecham, articulando-se ao longo de um eixo que passa pelo ligamento, ou perto desta estrutura. Fecham-se pela acçao dos musculos aductores que estao ligados as faces internas das valvas e opoem-se a acçao do ligamento de abrir as valvas.

    * Possuem um pe musculoso, em forma de machado, grande e extensivel, que serve para o animal se enterrar e a cabeça e normalmente atrofiada ou pouco desenvolvida( pouca cefalizaçao).

    * Tem um seio paleal, que e o sitio onde o cifao ( serve para se alimentarem e respirarem quando estao enterrados) fica guardado quando se retrai. Quanto maior o seio paleal, maior o cifao, e maior a profundidade a que os bivalves conseguem chegar. Os sexos encontram-se na generalidade separados e a sua reproduçao e sem copulaçao.

    Nomes comuns

    *Ameijoa-boa ou ameijoa real, ameijoa rainha ou ameijoa-verdadeira.... Ruditapes decussatus.

    *Ameijoa-cao ou ameijoa -macha..... Venerupis aurea.

    *Longueirao ou lingueirao ou facas..... Ensis spp.

    *Navalha.... Pharus legumen.

    *Berbigao..... Cerastoderma edule.

    *Mexilhao.... Mytilus spp.

    *Ostra (portuguesa).... Crassostrea app.

    *Pe-de-burro....Venus verrucosa.

    *Vieira.... Pecten maximus.

    *Conquilhas ou cadelinhas.... Donax spp.

    Estas sao as especies, que tem valor comercial.

    F. Martins

1 | 2 | 3 >>

Contactos

Ameijoas&Mexilhoes
filipejsmartins0@gmail.com
solange1@sapo.pt

+351 91 277 50 82
+351 262 968 682

Etiquetas

A lista de etiquetas está vazia.

© 2014 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode